sábado, 23 de junho de 2018

Junho de 2013: tentando controlar o que não pode ser controlado


Há cinco anos, enormes manifestações tomaram as ruas. Setores petistas costumam acusar seus organizadores de perder o controle do movimento para a direita.

Reportagem de Felipe Betim, publicada por El País em 13/06/2018, dá outra visão. Cita estudo da “Artigo 19”, ONG internacional de direitos humanos:

No total, 849 pessoas foram detidas arbitrariamente em São Paulo e no Rio de Janeiro entre janeiro de 2014 e junho 2015 durante 740 protestos. Sete pessoas morreram. Já entre agosto de 2015 e dezembro de 2016, foram 1.244 detenções arbitrárias em todo o país.

Para coroar esse processo, o governo Dilma sancionou a lei “antiterrorismo” às vésperas das Olimpíadas de 2016. A proposta veio de um Congresso conservador, é verdade. Mas seu texto original foi assinado pelo então ministro petista Eduardo Cardozo e seu colega de governo, o tucano Joaquim Levy.

Portanto, se alguém facilitou o trabalho da direita nas ruas foi a violenta repressão a manifestações populares. Não a todos elas, porém. Como afirma a reportagem:

A ONG lembra que, durante o processo de impeachment de Dilma Rousseff, as maiores manifestações foram realizadas pelos partidários do afastamento e não houve qualquer incidente, o que indica uma repressão e criminalização seletiva por parte das autoridades.
                 
Ou seja, os governantes petistas ajudaram a reforçar o aparato militar contra manifestações que julgavam ser organizadas por seus inimigos. Mas esse mesmo aparato escolheu nada fazer quando o alvo dos protestos eram somente os governantes petistas.

Agora, esses mesmos setores querem vencer as eleições para retomar o controle de um aparato sobre o qual somente poderão ter algum controle rendendo-se a ele.
https://pilulas-diarias.blogspot.com/2018/06/junho-de-2013-tentando-controlar-o-que.html

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