segunda-feira, 19 de fevereiro de 2018

A história com tragédia, farsa e fake


Segundo Hegel, a história se repete, primeiro como tragédia, depois como farsa.

Marx utilizou a frase em “O 18 Brumário” tendo como alvo Luís Bonaparte, cuja mediocridade era ainda mais acentuada pela pretensão de ser sucessor de seu tio Napoleão.

Mas em sentido mais geral, Marx utilizou a frase de Hegel para se referir a momentos históricos em que os:

...homens conjuram ansiosamente em seu auxílio os espíritos do passado, tomando-lhes emprestados os nomes, os gritos de guerra e as roupagens, a fim de apresentar-se nessa linguagem emprestada.

Na verdade, são estes momentos que se repetem, não a história. Um exemplo é a recente decretação da intervenção federal no Rio de Janeiro. Não falta quem queira vê-la como reencarnação do golpe de 64.

De um lado, aqueles que esperam uma reedição da ditadura militar para trancafiar e torturar lideranças das “classes perigosas”. Fingem desconhecer, porém, que isto já acontece há muito tempo, e ganhou considerável reforço com intervenções federais semelhantes, decretadas ainda durante os governos petistas.

De outro lado, há quem espere que a reencarnação de 64 acorde uma grande reação popular capaz de reverter a onda conservadora e abrir caminho para um retorno eleitoral da esquerda oficial.

Estes só não parecem lembrar que se a reação popular não veio em 64, quando o golpe foi pura tragédia, dificilmente viria agora, quando se apresenta em trajes pós-carnavalescos.

Acrescente-se a tudo isso a avalanche de versões tragicômicas que tomou as redes virtuais sobre o evento e teremos a mais nova variação da frase de Hegel. A história que já se repetiu como farsa, quase imediatamente, torna-se fake.
http://pilulas-diarias.blogspot.com.br/2018/02/a-historia-com-tragedia-farsa-e-fake.html

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