quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

DE TEIMOSO QUE SOU, VOU SUGERIR UMA SOLUÇÃO PARA A ATUAL CRISE BRASILEIRA.

John Kennedy, o presidente dos Estados Unidos que chegou a dar sinal verde para a invasão de Cuba por contrarrevolucionários e mercenários por eles contratados, foi também capaz de perceber quão desastroso seria o envolvimento explícito e de recibo passado dos EUA em tal aventura, daí ter vetado o apoio aéreo e de artilharia, fundamentais para o êxito da empreitada. 

Não comia simploriamente na mão da CIA, o que tem muito a ver com o vasto complô que culminou no seu assassinato em 22 de novembro de 1963 (negado até hoje pela história oficial estadunidense, numa ofensa à inteligência de qualquer cidadão que não tenha QI de ameba!).

Com Kennedy fora do caminho, a CIA convenceu o caipirão texano Lyndon Johnson de que era necessário depor o presidente brasileiro João Goulart para evitar a tomada do poder pelos comunistas. 

Um espantalho que se esfarelou durante a própria execução do golpe: antecipando-se ao calendário do comando golpista, um fascista histórico e histérico saiu com seus recrutas de um quartelzinho mineiro e conduziu tranquilamente tal incrível exército Brancaleone num passeio pela Via Dutra, sem ser incomodado por efetivo nenhum do governo constituído (bastaria um caça da FAB ter disparado duas ou três rajadas de metralhadora por cima de suas cabeças para aqueles recos bisonhos estarem correndo esbaforidos até hoje...).
Eu vou eu vou/ derrubar governo agora eu vou/ parara-tim-bum

Mas, menos anedótico é o fato, inteiramente comprovado pela abertura de arquivos sigilosos dos EUA,  de que navios militares daquele país foram deslocados para a costa brasileira, colocando-se em posição para prestar ajuda aos golpistas, caso fosse necessária. 

Não foi: de resistência tão pífia como a que houve no momento do golpe, até cadetes dos colégios militares teriam dado conta.

Enfim, estou lembrando estes infaustos acontecimentos porque Donald Trump começará a mostrar a que veio no próximo dia 20 de janeiro. Como presidente em exercício não faz necessariamente o que sua retórica de campanha levava a crer (está aí a Dilma, que não me deixa mentir...), seria um erro darmos como favas contadas que, qual Lyndon Johnson e George Bush, Trump será mais um pateta comendo na mão da CIA.

Mas, também seria temerário descartar tal hipótese. Daquela vez, quatro meses e uma semana após a posse de um presidente sem noção nos EUA, a democracia brasileira foi para o ralo. É um precedente ruim demais para corrermos o risco de que se repita.

Os maus augúrios também advêm do derretimento dos nossos Poderes, a gerar um caldo de cultura muito perigoso, propício a viradas de mesa da extrema-direita (que hoje poderiam ter como pretexto o envolvimento e cumplicidade de parlamentares com a corrupção, explicitada nas sucessivas tentativas de enquadrarem e esvaziarem a Operação Lava Jato).

De antemão sabendo que a sensatez nunca deu muito ibope na tragicomédia brasileira, vou sugerir, de teimoso que sou, uma saída para, entre mortos e feridos, salvarem-se todos:
  • que se crie uma comissão mais ou menos como a deVerdade e Reconciliaçãoda África do Sul sob Nelson Mandela, dando aos corruptos a oportunidade de se livrarem das grades ou permanecerem fora delas, desde que confessem seus delitos, paguem indenizações por eles e nunca mais os cometam, sob pena de os processos serem retomados do ponto em que pararam ou as condenações cumpridas até o fim;
  • que os empresários não possam participar da diretoria de grande empresa nenhuma (muito menos de entes do Governo e do Estado) por período a ser fixado;
  • que os políticos não mantenham seus mandatos nem possam disputar eleição nenhuma ou atuarem em entes do Governo e do Estado  por período a ser fixado;
  • que uns e outros não possam exercer atividades explicita ou implicitamente lobistas por período a ser fixado.
Isto, claro, deixaria frustrados os que há tanto tempo sonham com um dia verem a Justiça sendo feita. Mas, seria bem melhor do que deixarmos a instabilidade atual prolongar ainda mais nossa agonia econômica ou, pior ainda, criar condições para o retrocesso histórico, com a volta às trevas ditatoriais.

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