quarta-feira, 16 de setembro de 2015

A ditadura planetária dos Estados Unidos. A situação do mundo e por consequência a do Brasil está complexa e imprevisível.


Por Thomas de Toledo, em seu blog

A crise global do capitalismo vive seu 8º ano, levando países à falência e ao aumento generalizado do desemprego e da pobreza. O conflito na Síria está acirrando-se e seu desfecho (ou não) pode levar o mundo a uma guerra de enormes proporções, capaz de gerar ondas cada vez maiores de refugiados. Os EUA tensionam as Coreias e provocam na Ucrânia, levando instabilidade às proximidades da China e Rússia. Fomentam juntos com aliados (União Europeia, Turquia, Catar, Arábia Saudita e principalmente Israel) grupos terroristas no Oriente Médio e na África, o que justifica cada vez mais gastos militares no orçamento para guerras por petróleo, gás, água e rotas estratégicas. Em termos comerciais, preparam o TTP, TTIP e TISA, tratados de livre comércio que anexarão economias de países inteiros ao espaço econômico dos Estados Unidos, o que seria desastroso aos direitos sociais, às democracias e ao meio-ambiente. Pra completar, procuram desestabilizar as nações latino-americanas, financiando grupos de extrema-direita, fascistas, ultra-liberais e fundamentalistas cristãos a promoverem uma agenda golpista no Brasil, Equador, Venezuela, Argentina e outros países da região. O objetivo é derrubar governos populares para ter retomar uma onda de privatizações visando especialmente as empresas petrolíferas. O Estados Unidos preparam, portanto, um assalto final ao mundo: uma ditadura militar e econômica planetária. O golpe no Brasil faz parte de uma agenda internacional.

O governo Dilma está sob massacre diário dos meios de comunicações, robôs e páginas de redes sociais muito bem pagas para fomentarem uma agenda golpista. A linha sucessória em três níveis é do PMDB (Temer, Cunha e Calheiros), que controla as duas casas e possui uma considerável presença no governo federal, Estados e municípios. A Polícia Federal, Ministério Público e o Supremo Tribunal Federal trabalham sob os holofotes da mídia hegemônica privada, que define quem é culpado antes do julgamento e escolhe quais pessoas e quais partidos devem ou não ser investigados. Ao ocultar os crimes que envolvem o PSDB, o PMDB e o capital financeiro, a mídia colabora para o proliferamento de uma extrema-direita com discurso de ódio, que pede até a volta da ditadura militar. Contribui também para gerar más expectativas na economia, desestimulando o ambiente nacional para novos investimentos e fragilizando a Petrobrás, exatamente quando o pré-sal bate recordes de produção, num contexto de aumento dos conflitos no Oriente Médio.

Assim, a crise econômica finalmente abateu-se sobre o Brasil, exatamente quando o governo deixou de realizar políticas anticíclicas e adotou uma agenda de austeridade. As classes dominantes, o grande capital e os donos da grana condicionam o apoio à permanência de Dilma no governo, exigindo que os custos do ajuste fiscal recaiam sobre os trabalhadores. Os movimentos sociais, sindicatos e partidos de esquerda pedem o contrário, que o governo não mexa nos direitos sociais, trabalhistas, nem sejam feitos cortes em programas de distribuição de renda e pedem que o ajuste fiscal recaia sobre os mais ricos com taxação das grandes fortunas. A luta de classes evidencia-se.

Ou seja, em um clima no qual os Estados Unidos operam um plano de dominação planetária que pode tornar-se uma guerra global, com perigosos acordos comerciais sendo implantados a toque de caixa, uma onda de golpes e falsas revoluções na América Latina, o governo Dilma enfrenta um cenário doméstico sem precedentes. Em uma correlação de forças desfavorável, com um congresso impondo uma agenda retrógrada, as classes dominantes exigindo cortes sociais e os movimentos populares demandando sinais à esquerda, o cenário agudiza-se sob o pano de fundo de uma crise econômica.

Em meio a esta turbulência está uma pessoa, uma mulher chamada Dilma Vana Rousseff. Para ela, diariamente são enviadas ondas de ódio e sentimentos tóxicos. Não existem governadores, senadores, deputados, prefeitos, vereadores, juízes ou desembargadores. Existe apenas uma pessoa, de um governo, de um partido, que em tese se removida resolveria todos os males do planeta. O demônio, responsável por todos os males, pela crise, corrupção, falta de ônibus e de água, por tudo, ganha nome. Este nome sucessivamente repetido como sendo o único mal do país acaba por dar liberdade para todos os outros males agirem impunemente.

E assim, o Brasil acordaria no dia seguinte: presidente Michel Temer, vice-presidente Eduardo Cunha, presidente do Congresso Renan Calheiros. Lindo! O PSDB, derrotado em 2002, 2006, 2010 e 2014 voltaria ao governo com alguns ministérios. As bancadas BBBB (Balas, Bife, Bíblia e Bancos) indicariam seus nomes aos cargos estratégicos a cada um. A agenda de redução da maioridade penal, perda de direitos democráticos e trabalhistas e retrocessos ambientais seria oficialmente assumida pelo governo. O financiamento empresarial de campanhas consolidaria o poder das grandes empresas sobre os governos e parlamentos. Os custos da crise seria passados em doses muito piores aos trabalhadores e os programas sociais seriam extintos. Por pressão dos Estados Unidos, o Brasil assinaria todos os acordos de livre-comércio, o que seria desastroso às empresas nacionais. Passaria a apoiar as oposições golpistas na América Latina e a afastar-se do BRICS, da África e dos países em desenvolvimento. Provavelmente submeter-se-ia a missões militares internacionais em guerra dos EUA.


Resultado: em 2018, Temer teria muito dinheiro para ser candidato à reeleição e o PMDB iniciaria sua dinastia em uma coalizão de direita pró-imperialista.

Portanto, compreendam: quanto mais Dilma resistir, mais esse projeto é enfraquecido. Dilma, uma mulher que enfrentou as piores torturas na ditadura militar, tem a missão de resistir, resistir, resistir e resistir até o fim. É preciso que ela encontre forças para recompor a base do governo, a credibilidade política e o rumo para o crescimento econômico. Sim, ela precisa dar mais sinais à esquerda e às demandas dos movimentos sociais. Mas também cabe a nós pautar e disputar os rumos do Brasil que queremos.
Por Thomas de Toledo, em seu blog

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