segunda-feira, 4 de março de 2013

Lula e a pequenez dos medíocres



Nunca antes na história desse país se desrespeitou, ultrapassando até o limite do achincalhe, um mandatário ou um ex-presidente da República, como nesse caso. Por que será? 

Lula Miranda, Brasil 247

Lula é um homem pequeno, atarracado. Mas se agiganta diante dos medíocres. De origem paupérrima, migrante nordestino, veio com fome e esperança para o “sul maravilha” com a família num pau de arara; vendeu amendoim na rua quando garoto – já se conhece sua história e biografia. Tornou-se um grande homem, um grande brasileiro. Respeitado e admirado lá fora e amado por muitos dos seus concidadãos, é odiado, detestado por alguns poucos – notadamente por alguns jornalistas da grande imprensa e algumas “nanocriaturas”, espécie verdadeiramente nanica, rebentos infames de uma parte ínfima, preconceituosa, atrasada e ignorante da nossa elite.
Nunca antes na história desse país se desrespeitou, ultrapassando até o limite do achincalhe, um mandatário ou um ex-presidente da República, como nesse caso.  Por que será? 

Não, Lula não está infenso ou isento a críticas, obviamente que não. Lula não é nenhum Deus. Sequer existe, na minha opinião, o tal “lulismo” [a exemplo do “getulismo” ou do “brizolismo”], que alguns perdem tempo em analisar ou condenar/criticar.

Luiz Inácio Lula da Silva é apenas um homem, um “reles mortal”, como eu e você. E de fato e sem favor algum, um grande Político brasileiro – assim com “P”, maiúsculo. É bem verdade que já existiram outros, poucos, como ele. Mas o que transforma esse Lula em “um gigante” é, sem dúvida, a mediocridade dos seus adversários políticos nos partidos, a pusilanimidade de uma oposição débil e, notadamente, e desgraçadamente, uma imprensa vendida, bandida.

Nas condições normais de temperatura e pressão, Lula seria reverenciado  e respeitado por todo o Brasil – como de fato  é, pela maioria do povo brasileiro na condição, emblemática, inegável de ex-presidente que muito fez pelo país e por esse mesmo povo. Chega a ser comovente escutar os mais diversos depoimentos de pernambucanos, baianos e cearenses – só para citar os meus “conterrâneos”. É de embargar a voz e dar água nos olhos.  Fenômeno semelhante ocorre no plano internacional: Lula é reverenciado e respeitado por onde pisa. Isso, porém, não o beatifica, canoniza ou endeusa. Lula é apenas um homem e não um mito – reitero.

Mas como explicar então essa “bronca” que parte da elite brasileira tem para com o ex-presidente Lula – como tem para com Chávez e demais lideranças políticas latino-americanas de origem popular e do campo das esquerdas? Não pretendo aqui, note bem, tão somente fazer um artigo laudatório ao petista, mas iniciar uma análise do que possivelmente motiva essa inveja, essa raiva que nutre certos setores de uma parte diminuta, repito, mais conservadora e reacionária da nossa elite.

Lula não fez nada de “extraordinário”, é certo. “Apenas” fez um governo mais voltado para o atendimento das necessidades básicas do povo: comida, empregoe renda. Mas isso, por incrível que pareça, por aqui é muito. Pois sequer isso havia sido feito até então.

Segundo a última de Ciro Gomes, que já foi chamado, devido a sua “humildade” e “modéstia”, de “professor de Deus”, Lula está “perdidão da vida. Ele pensa que é Deus e está descobrindo que não. Tentará de novo essa deidade, mas não achará nunca mais.” Mas, veja bem, as causas que levam Ciro a fazer essa crítica um tanto farsesca e excêntrica ao Lula são diametralmente opostas às críticas feitas por políticos como FHC, Aécio Neves e os bonecos de ventríloquo na grande mídia.

Esses últimos fazem uma crítica virulenta, eivada de preconceitos e rancor, odienta. Parece que eles não perdoam/admitem que tenha sido um migrante nordestino o culpado, indiretamente, pela revelação da sua mediocridade e incompetência no trato com a coisa pública. Sim, pois chega a ser inacreditável que tantos “doutores letrados” muito pouco ou nada tenham feito para acabar ou ao menos dirimir essa gritante e infame injustiça social que ainda temos no Brasil. Pois muito ainda há que se fazer por esse povo sofrido.

Lula, em verdade, apenas fez o que todo o político deveria fazer: buscou atender as necessidades básicas do seu povo. O “detalhe” é que por aqui o povo sempre foi tratado como mera massa de manobra, como gado tangido para o abatedouro. 

Essa mesma elite que agora critica Lula é a mesma que sem pejo ou pudor, diga-se, enriqueceu usurpando as riquezas do Estado e concentrou renda e poder de forma acintosa. A mesma que seduziu com “espelhinhos de boneca” uma pequena parte da classe média, à qual retribuiu seus favores com algumas migalhas do butim. Fazendo uma leitura, digamos assim, um tanto “heterodoxa” desse fenômeno, um amigo sociólogo chama essa classe média de “classe de programa”, numa alusão a prostituição, claro, mas, mal comparando, sem faltar com o respeito às prostitutas.

Então, como queríamos demonstrar [C.Q.D.] Lula se agiganta, apesar de e devido a mediocridade e egoísmo de alguns políticos conservadores, ressentidos e incompetentes, e de uma classe média corrupta e prostituída.

Lula torna-se um colosso, um gigante diante da pequenez de seus contemporâneos. Quod erat demonstrandum.”

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