quinta-feira, 28 de março de 2013

Antes do combate à inflação vem a defesa intransigente do emprego, prega Dilma Rousseff


Uma fala da presidente Dilma Rousseff, sobre crescimento e inflação, desencadeou mais uma onda de críticas à política econômica, como se o Brasil sacrificasse a estabilidade de preços em nome de níveis de emprego maiores; do novo ataque especulativo, fazem parte economistas, como Alexandre Schwartsman e Ilan Goldfajn, e jornalistas, como Merval Pereira e Eliane Cantanhêde; ocorre que a missão do Federal Reserve, banco central americano, traduz exatamente o que a presidente Dilma falou: antes mesmo da estabilidade, vem o emprego, como meta central.
Uma fala da presidente Dilma Rousseff, sobre crescimento e inflação, desencadeou mais uma onda de críticas à política econômica, como se o Brasil sacrificasse a estabilidade de preços em nome de níveis de emprego maiores; do novo ataque especulativo, fazem parte economistas, como Alexandre Schwartsman e Ilan Goldfajn, e jornalistas, como Merval Pereira e Eliane Cantanhêde; ocorre que a missão do Federal Reserve, banco central americano, traduz exatamente o que a presidente Dilma falou: antes mesmo da estabilidade, vem o emprego, como meta central.
Dias atrás, dois economistas ligados ao sistema financeiro, Ilan Goldfajn, do Itaú Unibanco, e Alexandre Schwartsman, ex-Santander, renovaram suas críticas à política econômica do governo Dilma Rousseff e foram explícitos em seu receituário. Para conter a alta de preços, pregaram como remédio de política econômica que o governo incentivasse demissões na economia. Por mais que pareça incompreensível, é a pura verdade (leia mais aqui).
Foi a esse tipo de crítica e, provavelmente, a esses dois economistas que a presidente Dilma Rousseff falou ontem, na África do Sul, ao comentar a dicotomia entre emprego e inflação. “Não concordo com políticas de combate à inflação que olhem a redução do crescimento econômico”, afirmou. “Esse receituário quer matar o doente em vez de curar a doença”.
Instantaneamente, grandes bancos dispararam ordens para apostar na queda dos juros futuros, num movimento que pareceu ser coordenado. E foi isso que levou a presidente Dilma, no Blog do Planalto, a enfatizar seu compromisso com o combate à inflação.
O movimento presidencial deflagrou uma nova rodada de críticas à política econômica. Colunistas políticos, agora especialistas em economia, como Merval Pereira, do Globo, e Eliane Cantanhêde, da Folha, criticam o suposto descaso da presidente Dilma com a inflação.
Ocorre, no entanto, que a presidente não falou absolutamente nada que seja exótico ou mesmo surpreendente. Sua fala traduz uma mensagem que está expressa na missão do Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos. Lá, o emprego vem antes da estabilidade e a missão principal do Fed é “conduzir a política monetária, influenciando as condições monetárias e de crédito na economia, em busca do maior nível de emprego, de preços estáveis e de taxas de juros moderadas no longo prazo”. Ou seja, nos Estados Unidos, economistas com uma visão de mundo semelhante às de Schwartsman ou Goldfajn, não teriam sucesso, nem pautariam editoriais na chamada grande imprensa. Emprego baixo e juros na lua não têm Ibope no mundo civilizado.
Abaixo, em inglês, a missão do Fed:
The Federal Reserve System is the central bank of the United States. It was founded by Congress in 1913 to provide the nation with a safer, more flexible, and more stable monetary and financial system. Over the years, its role in banking and the economy has expanded.
Today, the Federal Reserve’s duties fall into four general areas:
* conducting the nation’s monetary policy by influencing the monetary and credit conditions in the economy in pursuit of maximum employment, stable prices, and moderate long-term interest rates
* supervising and regulating banking institutions to ensure the safety and soundness of the nation’s banking and financial system and to protect the credit rights of consumers
* maintaining the stability of the financial system and containing systemic risk that may arise in financial markets
* providing financial services to depository institutions, the U.S. government, and foreign official institutions, including playing a major role in operating the nation’s payments system

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