sábado, 22 de outubro de 2011

Kadafi, Líbia, petróleo e democracia


Redação da Carta Maior

Depois de quatro semanas de bombardeios intensos dos caças da Otan precederam a captura e morte de Kadafi, na quinta-feira, dia 20, na Líbia. Sirte, a cidade nuclear no centro das operações, foi reduzida a ruínas. Mais de 100 pessoas morreram nos últimos dez dias. Há centenas de feridos e encarcerados.

A violência não se limita aos combates. Um relatório da Anistia Internacional, de 13 de outubro, “Detention Abuses Staining the New Libya”, denuncia a persistência de prisões arbitrárias, sem julgamento, por parte de milícias incorporadas ao governo provisório rebelde.

A prática da tortura é generalizada nas prisões, seja por vingança, seja como método sancionado de coleta de informação. Se o Conselho Nacional de Transição (CNT) não der mostras de “uma ação firme e imediata”, diz o relatório da Anistia, a Líbia corre “um risco real de ver algumas tendências do passado repetirem-se....

O documento resume as conclusões de uma delegação da Anistia Internacional que, entre 18 de agosto e 21 de setembro, recolheu os testemunhos de perto de três centenas de prisioneiros em 11 instalações de detenção da capital, Tripoli, bem como de Zawiyah e outras regiões do país.

As imagens de Kadafi banhado em sangue, com o rosto desfigurado, fuzilado após captura, ocuparam hoje [20/10] um espaço de destaque, algo jubiloso, em veículos tradicionalmente empenhados em cobrar o respeito aos direitos humanos, sobretudo de regimes cujos governantes, em sua opinião, não comungam valores democráticos.

Carta Maior repudia a tortura, o arbítrio e a opressão – política e econômica, posto que são indissociáveis – em qualquer idioma e latitude. Não se constrói uma sociedade justa e libertária com o empréstimo dos métodos que qualificam seu oposto.

A história dirá se o que assistimos na quinta-feira, dia 20, na Líbia, atende às justas aspirações das etnias líbias por liberdade e justiça social, ou se configura apenas uma cortina de fumaça feita de bombas e opacidade midiática para lubrificar o assalto das potências ao petróleo local.
blog limpinho e cheiroso

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